chegada das chuvas na maioria das regiões produtoras na segunda quinzena de outubro impulsionou o ritmo de semeadura da soja. Até 28 de outubro, o plantio atingiu 52% da área prevista, segundo estimativa da consultoria AgRural. As projeções até o momento são favoráveis, sendo que a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) prevê alta de 2,5% na produção, atingindo 140,75 milhões de toneladas de soja na temporada 2021/22.
Os produtores devem ficar atentos às condições climáticas para conduzir os trabalhos de campo. Também é importante reforçar a importância de sempre consultar e seguir as determinações do Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC), um importante e tradicional instrumento do Ministério da Agricultura.
O zoneamento se baseia em estudos que avaliam parâmetros de clima, solo e ciclos de cultivares para determinar as épocas ideais de plantio em todo o Brasil, com o objetivo de quantificar os riscos climáticos e minimizar perdas no campo. As recomendações do ZARC atualmente abrangem 40 culturas e o consórcio de milho com braquiária, considerando particularidades de todos os Estados e do Distrito Federal.
Também é preciso acompanhar o andamento da safra para traçar perspectivas mais realistas para cada área. Se as chuvas ultrapassarem o volume ideal para a época, isso pode atrasar a safra ou gerar a necessidade de replantios.
Outra questão importante é que a adequação ao zoneamento é uma exigência para a contratação de um Seguro Agrícola. Então, se o produtor desrespeitar a janela de plantio indicada pelo Ministério da Agricultura, consequentemente não contará com a proteção determinada em possíveis contratos com uma seguradora.
Dessa forma, se houver dificuldade para finalizar a semeadura no período ideal, é indicado que o produtor considere alternativas ao cultivo. O agricultor pode investir em plantas de cobertura como, por exemplo, a braquiária e a crotalária. Embora abrir mão de uma cultura comercial como a soja pareça contraproducente, na verdade, pode ser uma boa decisão a tomar em alguns casos. O cultivo da oleaginosa requer alto investimento em insumos, como sementes e defensivos, além de gerar várias outras despesas, como gasto com maquinário e mão de obra. Por isso, o agricultor sempre deve ponderar os custos de produção versus potenciais quebras de safra.
Investir em uma cultura de cobertura não gera lucro imediato, mas traz muitos benefícios agronômicos que vão se refletir em aumento de produtividade de grãos nas safras seguintes. Independentemente de perder ou não a janela de plantio da safra de soja ou de milho, é recomendável que o agricultor reserve uma área da propriedade para a rotação de culturas, pois investir em sistemas produtivos diversificados melhoram as condições fisiológicas e biológicas do solo.
De modo geral, as coberturas favorecem o recondicionamento do solo. Elas podem elevar a fixação de nitrogênio, colaboram para a descompactação do solo e, a depender da espécie, a cobertura pode até ser indicada para controlar nematoides. A formação de palhada abundante não deixa o solo exposto, previne a erosão e indiretamente ajuda no controle de plantas daninhas, entre outras vantagens.